Os trabalhadores dos Correios foram surpreendidos com a fala do Secretário Especial de Desestatização do governo Bolsonaro, Salim Mattar, que disse que foram os trabalhadores dos Correios que quebraram a ECT. Dono do grupo Localiza, Salim Mattar é um empresário que está no governo para tocar a venda das estatais. É o típico caso da “raposa cuidando do galinheiro”.
Para a presidente do SINTECT-MS, Elaine Regina Olivera, foi uma fala que mostra o desprezo do governo pelos trabalhadores e que joga nas costas dos ecetistas a culpa pela suposta crise dos Correios, uma empresa que nos dois últimos anos obteve um lucro de R$ 700 milhões.
Segundo Elaine, o governo tenta construir uma narrativa para a população que são os trabalhadores os responsáveis pela crise dos Correios, quando na verdade essa crise foi causada pelos políticos que dilapidaram a empresa, como no caso do POSTALIS, o fundo de pensão, onde o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, é um dos investigados na fraude que causou enormes prejuízos para os trabalhadores.
“Não podesmos aceitar essa agressão. Não podemos aceitar a propagação de mentiras. Os trabalhadores dos Correios precisam reagir. O objetivo do governo é vender para a opinião pública que nós somos privilegiados e sabemos que não é assim. O objetivo do governo é colocar a população contra os ecetistas, isto está claro na fala irresponsável desse empresário cujo único papel no governo é vender as estatais. Ele está lá defendendo os interesses dos empresários, a serviço deles. Foi mais uma mostra do nível desse governo,” diz.
A FENTECT divulgou uma nota repudiando a fala do secretário. Veja abaixo.
Secretário especial de desestatização – um nome mais ameno para entreguismo -- Salim Mattar mentiu deliberadamente sobre os Correios e ainda responsabilizou os trabalhadores da empresa pela atual situação financeira ao dizer, em uma declaração ao jornal O TEMPO reproduzida pelo portal UOL no dia 23 de setembro, que “os Correios são uma empresa muito grande, com mais de 100 mil funcionários, quando bastavam 50 mil para funcionar. Há agravantes como o rombo no Postalis, o rombo no sistema de saúde com também, porque era possível levar pai, mãe, papagaio. Quebrou. Os funcionários dos correios quebraram os correios".
Mattar constantemente se gaba da proximidade pessoal e ideológica com o presidente e não por acaso utiliza o mesmo expediente de mentir e tratar trabalhadores como inimigos para forjar um discurso de gestão moderna. As declarações cínicas do secretário mostram que mais do que desconhecer a situação de uma empresa estratégica para o país, ele não se importa com isso, pois representa os interesses privados e o sequestro dos direitos para transformá-los em serviços a serem vendidos no mercado.
Não é possível que, ao mencionar o Postalis, Salim Mattar desconheça que Paulo Guedes, seu colega no Governo, seja investigado justamente pelo rombo no fundo de pensão dos ecetistas. Também não é por desconhecimento que ele afirma que os Correios poderiam funcionar com efetivo reduzido. O discurso busca reafirmar o ideário neoliberal em que a conta sempre fica para os trabalhadores seja sob a forma de exploração com a terceirização irrestrita, seja com a prestação de serviços precários a alto custo, como é o caso de outros setores que sofreram com a privatização.
Ao citar o plano de saúde da categoria, o secretário de Bolsonaro ignora que os trabalhadores aceitaram manter benefícios sem reajustes salariais reais, tendo hoje o menor salário entre os trabalhadores de empresas estatais. Isto prova que os ecetistas sempre tiveram responsabilidade com esta empresa, ao contrário de quem quer se desfazer do patrimônio brasileiro por estar comprometido não com o povo brasileiro, mas com a sanha do mercado.
O que Salim Mattar não consegue e nem vai dizer – pois assim como o presidente que ele representa, só sabe mentir para tentar confundir as pessoas – é como uma empresa que só dá “prejuízo” tem oito grupos interessados em comprá-la.
A FENTECT repudia as declarações do secretário e reafirma sua luta contra a privatização feita com verdade e responsabilidade de quem quer uma empresa pública moderna, autossustentável e que preste serviços de qualidade ao povo brasileiro. O Brasil não pode ser um balcão de negócios do Governo Bolsonaro.
NÃO À PRIVATIZAÇÃO!
Foto: Valter Campanato (Agência Brasil)
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