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30 de Janeiro de 2017 às 21:47

Nota Pública de Repúdio


Nota Pública de Repúdio

O Sindicato dos Trabalhadores nos Correios de Mato Grosso do Sul vem a público se manifestar sobre a matéria publicada no último dia 22 de janeiro de 2017, “Por menos capoeira e mais prêmio de literatura para os nossos adolescentes”, escrita pela jornalista Silvia Nascimento, publicado no site Mundo Negro no link http://www.mundonegro.inf.br/por-menos-capoeira-e-mais-premios-de-literatura-para-os-nossos-adolescentes/

O Sintect-MS repudia a forma como o site veiculou o título da matéria, pois acredita ser uma forma de preconceito contra os praticantes da capoeira, a história desta nobre arte traz consigo a luta contra a escravatura a que o povo negro foi submetido durante seus mais de 380 anos. A capoeira tem um papel importante para a cultura e educação deste país, seus ensinamentos como liberdade, respeito, educação e união mostra que a capoeira tem em si seus precursores que travaram lutas contra o preconceito e discriminação que ainda continuam latente no Brasil.

O que nos traz grande preocupação é o fato do site publicar um titulo e incitar os jovens negros e escritores a ter um olhar diferenciado quanto a contribuição que a capoeira possui na formação de seus praticantes. A capoeira com seus mestres e contramestres tem um papel fundamental no desenvolvimento e aprendizado de seus alunos, sua prática tem características voltada na construção de politicas públicas de jovens e adultos, com trabalhos sociais que visam a integração da sociedade nas periferias das grandes cidades.

A capoeira é hoje reconhecida como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Ministério da Cultura, na gestão do Ministro Gilberto Gil, no dia 15 de julho de 2008, reconheceu a capoeira como Patrimônio Cultural Brasileiro e a registrou como bem cultural de natureza imaterial, como uma das maiores expressões cultural afro-brasileira.

É importante que uma editora fomente a participação de jovens negros em concursos literários, mas sugerimos que a valorização da cultura afro-brasileira deve ser mantida sem títulos que possam causar a diferenciação na arte e cultura de um povo. O movimento que muitas entidades, como sindicatos, fóruns e federações fazem é para o fortalecimento da cultura negra, e a implementação de leis – como a lei 10639/03 que em muitas cidades não foram colocadas em prática – considerando que o oficio dos mestres de capoeira poderiam ajudar a fomentar os ensinamentos da cultura afro-brasileira dentro das escolas. Por isso a capoeira tem um papel fundamental no desenvolvimento educacional e físico aos nossos jovens.

Quanto à resposta dada para algumas notas de repúdio ao site, mostramos novamente nossa indignação, onde o site alega ser uma provocação para uma reflexão, mas queremos salientar que não há nada contrário ao texto, mas sim, quanto ao seu titulo, que mostra um desrespeito a comunidade negra deste país e aos praticantes de capoeira, principalmente aos grandes mestres, que deixaram seu legado.

Mato Grosso do Sul, 27 de janeiro de 2017.

 

Att.

André Luiz S. dos Santos

Diretor de Combate ao Racismo e Discriminação – Sintect-MS

Diretor da CUT-MS

Vice-Coordenador do Fórum Permanente das Entidades do Movimento Negro do MS – FPEMNMS

Grupo de Capoeira “Camará Capoeira-MS”

 


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