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20 de Novembro de 2018 às 10:08

Consciência Negra, racismo e exploração do trabalho no Brasil


    Hoje é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi oficialmente instituída em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Esta data, que é dedicada à reflexão sobre a inserção dos negros na sociedade brasileira, foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares em 1695.

    Os negros africanos foram trazidos para o Brasil para trabalharem nos canaviais e outros empreendimentos dos colonizadores. Os negros eram considerados mercadorias, instrumentos de trabalho, e assim o racismo no Brasil está diretamente atrelado à super exploração do trabalho. Sem direitos e propriedade do dono, os escravos estavam condenados a trabalhar até a morte (não havia aposentadoria...).

    Com a escravidão superada nos países centrais europeus – substituída pelo trabalho assalariado – e após a guerra civil nos Estados Unidos que pôs fim à escravidão naquele país – o Brasil tornou-se o último país do chamado “mundo ocidental e cristão” com a escravidão ainda vigente na própria lei. As pressões começaram a aumentar interna (com o Movimento Abolicionista) e externamente (com pressão sobretudo da Inglaterra, que desejava a inserção do Brasil no sistema capitalista e abertura do nosso mercado para os produto industrializados), conduzindo finalmente à Abolição da Escravatura. Dessa forma, o Brasil foi o último país do eixo Europa-América a abolir o regime de escravidão.

    No entanto a simples abolição dos negros pela Lei Áurea não significou automaticamente a inserção dos ex-escravos na sociedade brasileira. Livres, mas sem terras ou empregos, eram obrigados ou a continuar como assalariados/agregados do ex-senhor ou procurar emprego no “mercado” capitalista em formação no país. Logicamente conseguiam os empregos com menor remuneração e as piores condições de trabalho. Os negros foram libertados pela lei, mas o preconceito tinha raízes profundas na sociedade e continuou se reproduzindo.

    Os negros e os mestiços (com negros e índios) formam a maior parte da mão-de-obra do país: a “raça morena” a que se referia Leonel Brizola. Mas o racismo continua presente na sociedade e se manifesta das mais variadas formas.

    O movimento sindical, desde sua origem, colocou a questão de classe e de raça como diretamente ligadas: os negros foram trazidos para servirem de mão-de-obra escrava, para serem explorados e gerarem lucros para seus donos-patrões. A escravidão formal acabou mas a exploração do trabalho continuou, sobre trabalhadores brancos, mestiços, negros e índios. A classe trabalhadora é multirracial e a luta contra o racismo é também uma luta contra a exploração.

    Por isso nesta data, todos os movimentos sociais, do campo e da cidade, proclamam que a luta de Zumbi dos Palmares continua, porque a exploração do trabalho continua.

    Viva o dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra! Viva os trabalhadores de todas as raças e cores! A luta por melhores dias, contra o racismo e pela valorização do trabalhador (um ser humano) é comum a todos!  

 

     Eber Benjamim - Jornalista

 


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