Aconteceu nos dias 7 e 8 de junho o 35º Conselho de Representantes da FENTECT que debateu as questões da privatização dos Correios, reforma da Previdência e a campanha salarial.
O primeiro dia do 35º Conselho de Representantes da FENTECT foi marcado pelos debates sobre a Reforma da Previdência e a privatização dos Correios. Os participantes receberam o presidente da CUT-DF, Rodrigo Britto, que fez uma saudação lembrando a importância da categoria ecetista na construção da luta da classe trabalhadora. Além dele, Bruno Moretti, economista e técnico da Liderança do PT no Senado e Marcela Azevedo, do Movimento Mulheres em Luta participaram da mesa que debateu as consequências da Reforma da Previdência.
Bruno expôs as fragilidades do discurso de defesa da Reforma, principalmente no que diz respeito à responsabilidade fiscal, pois segundo ele a transição do regime será totalmente custeada pelo governo, onerando violentamente os cofres públicos. De acordo com Bruno “ele (o governo) não quer reformar o sistema público, ele precisa destruir o sistema público para que o sistema privado possa avançar sobre as aposentadorias dos trabalhadores”.
O economista também reafirmou o impacto da Reforma nos municípios de economia pouco produtiva, diminuindo a arrecadação e a circulação de renda e resultando em mais miséria, sem gerar empregos ou aumentar a produção. Além disso e do ponto mais cruel – a capitalização, que entrega aos bancos a gestão da previdência – Bruno chamou a atenção para a desconstitucionalização, que servirá para desvincular a previdência da Constituição, fazendo com que qualquer mudança seja facilmente aprovada pelas legislações, sem o devido debate com a população.
Marcela Azevedo, que também participou do Encontro de Mulheres, trouxe questões pertinentes relacionadas à desigualdade de gênero. Para Marcela, a Reforma é ainda mais cruel para as mulheres, pois elas estão sujeitas à jornadas mais exaustivas e mesmo quando empregadas ocupam os piores postos de trabalho.
“Quando tudo for privado, seremos privados de tudo”
A luta contra a privatização deve mesmo ser o principal eixo da Campanha Salarial. A segunda mesa que tratou do tema reafirmou que a privatização representa o projeto do atual governo que quer vender os direitos do povo brasileiro.
O secretário geral da FENTECT, José Rivaldo alertou os participantes sobre a importância das mobilizações nos estados, independente do que dizem dirigentes da empresa e membros do governo. Para Rivaldo, a divergência entre os atores do governo tem confundido o trabalhadores que ainda não perceberam a fragilidade da defesa do atual presidente da ECT, apenas um subordinado que pode ser substituído a qualquer momento. Além disso, a privatização é uma decisão do governo e só será derrotada com a organização da categoria e luta nas ruas, junto com a população.
A compreensão da privatização - da previdência, das empresas estatais e de um projeto de país - unificou os delegados que votaram de forma unânime pela adesão à greve geral. O debate seguiu para o plenário, que retomou alguns pontos discutidos ao longo do dia e os trabalhadores puderam apresentar questões regionais específicas, principalmente sobre o recente anúncio de fechamento de 161 agências dos Correios em todo o país.
Campanha Salarial
No segundo e último dia do Conselho Nacional de Representantes da FENTECT os delegados debateram a conjuntura econômica e a construção da pauta de reivindicações.
O plenário recebeu a contribuição de Max Leno, diretor do DIEESE, que apresentou os indicadores econômicos para a construção da cláusula de reajuste salarial da categoria. Max ainda contextualizou alguns desafios das negociações coletivas pós Reforma Trabalhista, assim como as ameaças de privatização e a reforma da previdência que redefinem o papel do Estado e transformam direitos em serviços vendidos ao capital privado.
A partir das informações apresentadas pelo representante do DIEESE os delegados e delegadas construíram a seguinte cláusula econômica: reposição da inflação de 3,79% (de acordo com o INPC) + R$300,00 linear.
O calendário de mobilizações da categoria também foi aprovado. Os eixos da campanha salarial devem ser referendados nas assembleias para entrega da pauta no início das negociações, previsto para o dia 25 de junho.
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